terça-feira, 24 de novembro de 2009

O Fim

Em meio a melancolia daquele último anoitecer, a jovem de nome desconhecido tocava o velho piano daquela antiga e abandonada escola; as notas ecoavam pelo escuro e vazio anfiteatro em frases mórbidas e obscuras. Logo tudo chegaria ao fim.
A cada acorde, as lembranças dos parentes e amigos, dos momentos felizes e tristes e a certeza de que nunca mais aconteceria nada daquilo. O fim... quem diria que ele viria mesmo para todos tão cedo? Aquele amanhecer será o último vislumbrado por qualquer ser humano.
A jovem, bêbada, levanta e vai para a janela. Seu olhar está fixo no céu estrelado que nunca mais verá. Uma lágrima escorre por sua magra e doce face; logo, várias lágrimas a acompanhariam. Ela então se ajoelha, leva as mãos ao rosto por um instante e começa a gritar de desespero. O questionamento urrado é óbvio e com certeza é o mesmo de cada pessoa que também está a esperar o amanhecer final.
Ela se cansa de gritar, levanta e caminha tortuosamente pelo enorme salão; não consegue dormir pela ansiedade. As horas não passam e ela está cansada. Enfim ela deita no chão, fecha os olhos e é vencida pela fadiga. Ao sentir a claridade, acorda rapidamente e, ignorando a colossal dor de cabeça, vai até a janela e observa. Seu coração milagrosamente fica em paz, segundos antes de seu fim.

P.S.: Não há razão para temor; nossa hora chegará sem aviso e, quando chegar, ficaremos finalmente em paz.
P.S.²: Não esqueci do conto Lança Negra!!! Apenas pequenas férias dele.