quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Eterno Paradoxo

Você! Parado em frente à minha cama, com seus olhos fitando o mais escuro beco da minha mente, fazendo com que eu o deseje. Sua pele pálida reflete o intenso luar, iluminando ainda mais o meu quarto, maravilhando meus olhos.
Levanto-me e vou em sua direção. Pareço flutuar. Meu corpo está adormecido, assim como minha mente. De repente me vejo cara a cara com sua jovem e bem cuidada face e acordo do transe. Não quero fugir! Quero apenas me entregar a você! Abre a boca e percebo seus branquíssimos e perfeitos dentes e não paro de imaginá-los a perfurar minha pele. Você apenas sorri e se prepara.
Mesmo achando histórias desse tipo um tanto quanto ridículas, não deixo de me sentir como se levitasse perante sua presença. Não demore! Apenas finque seus dentes em meu pescoço! Torne-me um dos seus! Transforma-me em um dependente de sua vida! Leve-me para a escuridão por toda a agradável eternidade ao seu lado!
Muitos anos se passaram desde nosso primeiro contato, mas sinto que é chegada a hora de finalmente descansarmos desses corpos eternos. Em um abraço desprevenido, enterro uma estaca em seu coração e te observo se dividir em pequenos grãos levados pelo vento. Uma lágrima rola por minha face e sorrio pela última vez antes de me juntar novamente a você em um conto-de-fadas infernal.


P.S.: Uma luta para se manter vivo eternamente. Um segundo para deixar de viver. Um verdadeiro amor, que transcende o físico e permanece até mesmo nas chamas do inferno.
P.S.²: Segunda história de vampiro postada nesse blog. 
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terça-feira, 23 de novembro de 2010

Curta 2: A Sociedade

Uma dama esbelta, esquelética, em um longo preto, encostada no batente da porta. Uma das mãos na cintura e a outra segurando um longo e fino cigarro recém-aceso. Olhar perdido, cabelos negros presos em um simples coque, boca entreaberta, garganta queimando pela generosa tragada daquela quente fumaça.
Com a mesma boca entreaberta, a sofrida moça expele a fumaça e sente a leve tontura que leva embora a sensação de peso em sua consciência. Na tentativa de se livrar daquilo que o mundo exige para se fazer parte dele, ela vendeu sua alma infeliz aos tentadores 20 demônios vendidos em qualquer buraco pelos exigentes donos do mundo.


P.S.: Tantos querendo se livrar do mundo, mas tentam pelos caminhos que o próprio mundo trilha.
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quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Um Quarto Tingido de Sangue

Triste fim: o corpo nu deitado na cama. Um banho de sangue: lençóis, colcha, travesseiro, todos em um tom vivo e fresco de vermelho, que impregnava o chão, as cortinas e o revólver caído.
O pavor estampado na face: uma mãe em prantos. A empatia: o padrasto a abraçar a mulher em um impossível conforto para aquela situação. A pergunta que não se cala: Por quê?! 
Em meio ao desespero, só restou àquela mãe ajudar a recolher o corpo e, mais tarde, acompanhar as descobertas daqueles que desvendariam a história.
Com o tempo, uma certeza se tornou remota e uma suposição sem fundamento ganhou sólidos pilares: aquela vida foi retirada sem a devida permissão de seu dono. A antiga pergunta virou complemento de uma mais inquietante ainda: Quem? 
Cada vez mais o desespero tomava conta daquela que era uma mulher radiante, capaz de fazer uma estrela se apagar em respeito à ela. O que antes era luz, se tornara a mais profunda escuridão.
Susto: um homens armados à sua porta. Rodopio: a verdade descoberta a faz desmaiar. Constatação: seu amado marido despiu e banhou em sangue sua amada filha. Confissão: não havia o que negar, apenas o que completar.
O sangue virgem fora derramado duas vezes, ambas à força, sem vontade de um dos envolvidos. Aquele monstro invadiu o não-tão-inocente quarto e realizou suas vontades com a jovem, já que a unica que poderia estar interessada nele foi garantir o futuro do fruto de seu ventre. Após a carnificina mental, removeu-lhe a alma antes da hora. Uma alma que em 17 anos apenas corrompera algumas outras sem se corromper por completo. Uma alma como a maioria das que existem nessa vastidão de horrores. Uma alma julgada e punida por quem não deveria possuir tal poder, assim como tantas outras.

P.S.: Não só revólveres, mas fósforos, mãos e diversas ferramentas são usados por tais "juízes" da vida. E tais "juízes" nem sempre são somente padrastos, podem ser os próprios pais mesmo. Ou os filhos, quem sabe?!
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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Curta 1: O Coveiro

Odeio ter que cavar essa cova! Ainda mais sabendo para quem é! Dia após dia, hora após hora, não importa o que eu faça: eu sempre acabo por vir ao cemitério tirar um pouco mais de terra dessa vala. Mesmo quando estou em momentos felizes com meus amigos, familiares ou seja lá com quem ou o que eu esteja fazendo, sempre paro tudo e venho até aqui. Só tenho medo de acabar muito rápido, já que estou cavando minha própria sepultura!


P.S.: E todos fazemos isso. Uns tiram mais terra em menos tempo, outros tiram pouquíssima terra em muito tempo. Não importa, uma hora todos iremos deitar em nossas próprias sepulturas.
P.S.²: Achei interessante deixar assim, curto. Quem entende bem, não precisa de rodeios.
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