sexta-feira, 27 de junho de 2008

Seres Que Rastejam pela Noite...

A corrida o levara até um beco escuro e nojento, onde os moradores de um prédio e os funcionários de um restaurante jogavam o lixo, o que deixava o lugar com um dos piores odores já sentidos por aquele rapaz. Ao olhar para trás, o rapaz de 25 anos, tido como um dos mais belos e corajosos da cidade, estremeceu e implorou por sua vida àquele ser de aparência frágil, rosto pálido e olhar penetrante. A criatura apenas olhou com desprezo, como se soubesse que a vida daquele patético rapagão não valia a pena ser salva. Desde sempre a vida do rapaz fora enganar, aproveitar da boa vontade dos outros para depois esmigalha-los.
Ali, naquele beco, o rapaz percebeu o quão cruel era com as outras pessoas; no momento de desespero, ele conseguiu relacionar aquela situação em que estava com a que proporcionou a todos ao seu redor - apesar de ser um "monstro", o 'cara' era inteligentíssimo!- e começou a chorar de arrependimento e a urrar a ordem de execução a ser cumprida pela besta a sua frente. Sem muita demora, a criatura abriu a bocarra e cravou os caninos na jugular do jovem, sugando-o quase por completo. Ao terminar a refeição, aquele ser frágil e pálido tornou-se imponente e forte, rejuvenescido por aquele sangue quente e delicioso de textura aveludada e sabor inigualável. A criatura oriunda das trevas passou a língua por seus lábios para aproveitar todas as gotas daquele sangue raríssimo, aquele néctar dos deuses, e sumiu sem deixar vestígios. O corpo do garoto só foi encontrado alguns dias depois, quando o cozinheiro do restaurante foi descarregar aqueles restos de comida quase podres do restaurante.
P.S.: ♪Pérola negra...♪
P.S.²: Escrever sobre algo nada a ver com a vida é "baum tamém"

sexta-feira, 20 de junho de 2008

A Cura...

Aquela cigana nunca mais será a mesma após aquela noite tão clara quanto o dia. No desespero de proteger um amigo, rogou a pior de todas as pragas sobre o outro amigo. A praga foi rogada com uma sinceridade e ódio absurdo, o que a fez sentir o coração apertar na hora. Agora tudo o que resta é fugir para bem longe, assim ela não vê o resultado horrendo daquela maldição. Com o pôr-do-sol ela partiu da vila levando apenas a roupa do corpo e o arrependimento por ter destruído uma vida que poderia se recuperar.

Ela correu por planícies extensas até encontrar seu destino, a floresta mais obscura! Temida por todos de sua vila e das vilas próximas. Era tão maldita que todos queriam derrubá-la, mas ninguém possuia coragem alguma para, sequer, arrancar uma erva daninha daquele lugar. As pessoas que ali entraram jamais retornaram. A noite pode-se ouvir barulhos vindos da floresta, como vozes a entoar tristes melodias. A jovem cigana respirou fundo e entrou na floresta; começou andando devagar, observando cada detalhe e atenta aos perigos mas em poucos instantes já estava andando normalmente. Encontrou apenas alguns bichos no começo da caminhada e, no coração da floresta, encontrou uma pequenina vila, onde seus moradores compartilhavam de histórias bem parecidas com a dela e, a noite, se reuniam para cantar o arrependimento e pedir perdão pelo terrível pecado. Nunca se soube o que aconteceu com os amaldiçoados, já que os rogadores nunca saíram daquela floresta.

A partir daquela noite as melodias ficaram ainda mais agoniantes e melancólicas: resolveram cantar as dores da covardia de enfrentar o mundo novamente.

Ps: ♪"I believe but what i see? I receive but what i give?"♪

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Na Escuridão...

Caminhando durante a escuridão, os pensamentos que lhe vieram eram terríveis . Não por serem macabros, mas por serem deveras solitários. Ao passar por todos aqueles rostos, que só eram conhecidos à distância, percebeu que era uma pessoa solitária. Parecia até que era alguém de fora ou indesejado, já que a maioria dos que o olhavam, o faziam com ar de desprezo e estranheza. Passou pelos mais diversos locais e viu os mesmos rostos de pessoas que até gostaria de conhecer, mas a falta de coragem o impedia de tomar qualquer atitude, o que lhe deixava a impressão de serem pessoas inalcançáveis.
O vento frio daquela noite e os maus pensamentos faziam com que tudo fosse apenas silêncio em meio a uma apresentação das fotos dos momentos que desejava viver. Talvez até estivesse em meio a momentos semelhantes, mas estava confuso e sem opções(...) Decidiu voltar para casa, mas não para dormir. Ao voltar, a ansiedade tomou conta! Não havia nada a se fazer, estava prisioneiro de seu quarto, da insônia e da vontade de fazer algo!! Tentou de tudo um pouco, mas as horas não passavam! Até arrumou a bagunça que era seu quarto, as levou menos de uma hora para tal. Finalmente conseguiu se distrair com alguma coisa, mas as horas voaram... Decidiu dormir.
P.S.: "Olhar tua face e não poder toca-la; conversar sobre tudo que é íntimo e não poder abraçar-te só pode ser castigo divino!" => Frases assim são até fáceis de escrever... quem sabe não usam-na em algum mensageiro instantâneo por aí?
P.S².: Todos os textos contidos neste blog são de minha autoria! *Apenas pra esclarecer... se eu retirar de algum outro lugar, darei os devidos créditos.*

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O Louco, o Desejo e a Morte...

A lenda tinha que ser verdadeira! A cada passo que dava aumentava a sua certeza e um espírito empolgante tomava conta. Há dias estava nessa missão, que era considerada pela maioria como loucura! Sua caravana, inicialmente de 30 pessoas, foi reduzida a apenas ele, seu mapa e uma mochila com alguns poucos mantimentos, o suficiente para mais uns dois ou três dias, se os consumisse aos poucos mesmo e guardasse cada farelo.
Finalmente chegara ao pé da montanha que revelaria se ele estava certo ou não! O começo do fim. O clima não estava nada bom, a escuridão tomava conta do lugar e o frio congelante o deixava mais cansado a cada passo dado. Resolveu parar e recuperar as suas forças antes de começar a escalada. Não deveria subir muito; seu destino era uma caverna localizada a uns cinqüenta metros montanha acima. Sentou-se em uma pedra, acendeu uma pequena fogueira e resolveu comer algo. Após a refeição, ficou pensando nos próximos passos seguintes a revelação da sua descoberta. Os pensamentos o distraíram de tal forma que ele pegou no sono... um sono que não acabaria mais. Sua ambição o condenou a morte; mas foi uma morte sem dor e nem glória, talvez com o valor de ter morrido atrás de seus sonhos. Mas esse valor só foi reconhecido após muitos anos, quando encontraram, por acaso, sua ossada ao pé da montanha.
Nada foi encontrado na montanha, a lenda era apenas uma lenda sem valor algum...

P.S: Chances desperdiçadas, glórias imaginárias, vida real... Epifanias, vazio, brancos, pretos, amarelos... Tudo ao mesmo tempo formando um único ser. As maravilhas perniciosas da mente.

domingo, 15 de junho de 2008

A um Passo da Liberdade...

Na beira do abismo com os braços abertos, sentindo o vento acariciando o rosto e os cabelos; olhos fechados para apurar o tato e aproveitar cada beijo dado pelo vento fresco daquele fim de tarde tão belo de uma manhã de outono. A cada beijo, uma lembrança. Algumas felizes, outras tristes e solitárias, mas cada uma dessas lembranças ajudou-o a chegar naquele momento mágico, momento este que também será uma lembrança, que já é uma lembrança. Lágrimas escorrem por seu rosto. O vento começa a ficar mais encorpado e agora já não mais o beija, o toma em seus braços e o envolve completamente causando uma sensação de prazer, que o faz lembrar de momentos mais íntimos e deliciosos. O sangue corre mais rápido por suas veias, a excitação toma conta e rapidamente o faz estremecer.
O misto de sensações que aquele lugar proporciona o faz querer voltar lá mais vezes, ou, até mesmo, morar lá, quem sabe? Mas ele sabe que não será possível realizar nenhum dos desejos, e seu tempo está acabando! Agora a sensação é de pressa, a adrenalina flui intensamente. O "trabalho" tem de ser concluído! Só mais um passo... Ele hesita por um momento... Relembra o momento mais feliz de sua vida e...
Está tudo acabado. Por dentro restou a escuridão eterna; por fora uma ação sem sentido algum. Aquele lugar virou o túmulo de todas as suas emoções. De certa forma, ele realizou o desejo de morar lá para sempre.

P.S: Sobreviverei, vencerei, acordarei...

sexta-feira, 13 de junho de 2008

O Sonhador e o Vinho ...

Uma cena um tanto quanto comum: um poeta sentado à sua escrivaninha, uma caneta em sua mão, vinho em sua taça e a sua frente um pergaminho em branco. Em volta há vários pergaminhos amassados contendo, talvez, poemas que mostram tanto de sua alma que achara melhor jogá-los fora, manter segredo sobre o que pensa e sente antes que alguém chegue e o desvende tão facilmente que faça com que tudo que foi vivido pareça insignificante e que ele próprio perca a graça. (...) As horas passam e o desespero de não conseguir escrever algo não tão íntimo toma conta de seu miserável ser. Por que escrever algo? De que isso lhe será útil? Quem sabe. Talvez para exercitar seu cérebro ou, quem sabe, ainda, apenas porque ele não tem nada melhor para fazer e, para não cair no tédio absoluto das madrugadas em claro, resolveu criar uma ocupação.
O que realmente importa a essa altura do campeonato é criar algo! Oras! A semana foi cheia de acontecimentos, alguma coisa teria que lhe ser útil! Por que não escrever sobre a troca de olhares que o deixou tão empolgado ou, ainda, sobre o desespero de ter seu vício arrancado de uma noite para outra?! Não, aí já seria mais um texto tão pessoal que pareceria retirado de um diário adolescente do que da cabeça de um retratante de almas e sentimentos! O melhor a fazer, realmente, é levantar-se, apagar a luz e dormir. Assim os sonhos lhe mostram algo interessante...

P.S: Vem cá: ter um mundo em suas mãos e o mesmo ir embora de uma noite para outra é a pior experiência do mundo, não é mesmo?! Só tenho uma dúvida...qual é pior: Ter um mundo arrancado ou não conseguir lutar no mundo verdadeiro? Quem sabe um dia eu acho a resposta!