terça-feira, 22 de junho de 2010

Marcha Fúnebre

Uma noite fria e triste. Por uma ruela seguia uma multidão, em silêncio, diretamente para o cemitério. Nenhuma das pessoas ali presentes eram normais (segundo o que a comunidade local definiu como normal), inclusive o morto. Aquela marcha era para enterrar o líder de uma gangue. Por incrível que pareça, a gangue não era ruim. Era boa. Os membros todos ajudavam no que podiam a melhorar aquela imunda e fria cidade. Mas eram vítimas do preconceito. Eram tachados de vândalos e bandidos apenas pelo visual. Nunca sequer machucaram uma pessoa de bem. Só lutavam para se defender.
Em uma outra noite fria, eles estavam apenas sentados bebendo. Alguém passou e tropeçou em uma das garrafas. O que se ouviu à seguir foram palavras estúpidas. E o que veio a seguir foi algo estúpido. Um som idiota se fez ouvir. Um baque idiota também. Era o fim de uma boa pessoa.
No quente dia seguinte, as pessoas comemoraram. Para essas pessoas, era o fim de mais um diferente. O medo as fez desejarem o seu fim. Saíram às ruas para festejar, enquanto os outros estavam a lamentar. Impediram um simples velório; não queriam ver os estranhos. Com o entardecer, resolveram permitir que as portas do inferno se abrissem mais uma vez para que enterrassem o pobre demônio. Foi como um toque de recolher. Apenas os demônios na rua, as pessoas de bem trancadas em suas casas, assistindo de suas janelas. Uma ou outra ofensa foi proferida, mas ninguém lá fora se preocupou com isso.
Estava feito. Satanás estava enterrado. A comunidade estava livre de mais um bandido, mas não era o suficiente. A caça aos outros membros da gangue foi declarada. Em pouco tempo, todos foram humilhados, espancados e trancafiados. A comunidade finalmente tinha se juntado em prol de algo! Era o desejo daquele assassinado injustamente. Algum tempo depois, a população daquela cidade sofreu a maior onda de violência desde antes do surgimento daquela gangue. Perceberam o erro, mas já era tarde demais.

P.S.: Apenas mais um texto sobre pré-julgamentos baseados em visual. O mundo ignora os normais, clama por diferenças e ataca quem não é igual a ele. Há alguma coisa errada...
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