quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Conhaque, Lágrimas e Paisagens

E lá estava o velho poeta sentado à sua escrivaninha, em frente à janela, fumando uma de suas cigarrilhas e vendo o sol encostar no mar de maneira majestosa. Essa era sua rotina já há muitos anos: sentar e ver os dias passarem; anotar alguns pensamentos sem pretensão alguma, já que ninguém irá ler, e lembrar dos momentos mais incríveis e felizes de sua vida ao lado do seu grande amor. E chorar. Deixar com que as dolorosas lágrimas escorreguem gentilmente por sua face enrugada.
Após um longo momento imóvel, o ancião busca um copo de conhaque e volta a se sentar para admirar aquele incrível retrato, que outrora era admirado a dois e tinha um ar de recompensa após tanta luta para que ficassem juntos. Agora só representava a solidão, a insignificância perante o mundo que não para por mais que seus filhos sofram. E mais uma vez as fumegantes lágrimas marcavam aquele rosto que antes já fora alegre. E agora o ardor do conhaque se juntava ao amargo do nó em sua garganta.
Desde que se viu só no mundo, aquele senhor apenas queria alguém para conversar. Mas era impossível, pois ele e sua outra metade se mudaram para um lugar isolado a fim de não ter ninguém interferindo novamente em algo tão bonito quanto aquela união. Eles só se esqueceram que a unica certeza que paira neste mundo era implacável e nunca deixaria que tudo terminasse bem! E ela deixou isso bem claro anos atrás. Desde então, o idoso só pensou em ir ao encontro daquela pessoa que deu significado à sua vida e desde então lembrou que atos desse tipo só fariam com que ele fosse para um lugar completamente diferente daquele onde essa pessoa está nesse momento! Mesmo ele tendo sido um grande cético, tem esperança verdadeira em reencontrar aquela pessoa que um dia o completou. Seus desejos estavam para ser atendidos.
Em uma fresca noite de primavera, enquanto observava as estrelas e imaginava a qual delas se juntaria quando chegasse o momento, caiu no sono. E sonhou novamente com seu amor verdadeiro! Dessa vez seu rosto e voz eram perfeitos! Tantos anos sem ver ou ouvir a sua metade involuntariamente haviam apagado tais lembranças de sua mente. Foi aí que percebeu que não estava sonhando. Sua triste rotina e sua perseverança em não cometer o ato de desespero foram recompensados finalmente, eternamente.

P.S.: Sempre haverá algo de bom advindo de algo ruim. É o ciclo a que todos nós estamos fadados a cumprir querendo ou não.
P.S.²: Talvez o mais difícil de todos.
P.S³: Duvidas ou sugestões? Clique aqui e saiba mais!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Composto Cardíaco - Amarras

O que pode acontecer para que o composto vaze? Em que quantidade ele poderá sair? Ele realmente pode ser controlado? Ou ele controlará o corpo inteiro da pessoa? As amarras, depois de completamente abertas, terão algum outro propósito?
Mais perguntas de respostas até então desconhecidas... o composto, na maioria dos casos, vaza em quantidades pequenas, fazendo com que uma pessoa sofra por alguns "instantes" e, dependendo do preparo da pessoa e da concentração, faz com que ela cometa o ato mais covarde de todos para se livrar de tudo isso.
Mas, se o composto for se concentrando pacientemente por um longo período sem esperanças, ficará cada vez mais sem espaço e forçará as amarras até o limite. Até que, por algum motivo que lhe tire a última gota de esperança, fará com que elas se arrebentem e se espalhará por todo o corpo, tomando controle da alma e tornando-a negra e sugestiva a influências ditas negativas.
O controle obtido não é total, por mais concentrado que essa mistura de mágoa, dor e escuridão seja. A alma ainda sim lutará para não sucumbir, mas estará fraca demais para voltar ao que era sozinha. Ela precisará de muita ajuda externa e, mesmo assim, nunca mais será a mesma e deixará de ter os traços infantis e alegres que sempre teve.
 Essa alma, abatida e perdida na escuridão, buscará por alguma outra no mesmo estado para poderem sucumbir juntas. Mas não é o que acontece. As amarras abertas de ambos os "corações" acabarão por se juntar e prender os compostos em um único recipiente, que não é mais forte ou mais fraco que o anterior, mas que terá a capacidade de aguentar mais pressão, afinal, as amarras que são "remendadas", nesse caso, acabam por se tornar mais fortes.
E o composto poderá vazar mesmo assim desse novo recipiente, tentando controlar ambas as almas, mas será um trabalho árduo para cumprir esse objetivo. As amarras remendadas tem não só a ajuda umas das outras, mas de duas almas que amadureceram juntas e que podem, finalmente, usufruir dos estranhos benefícios de algo tão obscuro e tão temido.


P.S.: Tudo que o composto pode trazer de benefícios e efeitos colaterais ainda é um mistério. Ele se adapta a cada situação, tornando-se algo temporariamente incontrolável.
P.S.²:  Dois corpos, um recipiente, uma quantidade maior de composto. Assim que ele vaza, as duas almas compartilham da dor. E cabe a ambas superarem juntas e manterem as amarras cada vez mais fortes.
P.S.³: Alguma dúvida ou sugestão? Clique aqui e saiba mais.