terça-feira, 4 de dezembro de 2012

O Futuro e o Enxofre

A flor por entre as rachaduras do cimento desabrocha esplendorosa, por entre a terra seca finca as raízes que serão nutridas pela água que se infiltrará através das precipitações e se esforça para erguer seu corpo e conseguir a tão incrível luz que a manterá viva e forte. Uma sobrevivente em meio ao caos e a poluição, uma guerreira silenciosa e sábia, um lembrete da própria terra de que ela passará por cima de nós e de nossa história para se manter soberana. Apenas um lembrete que cresce vagarosamente, com a paciência digna de um mestre que viveu muitos anos praticando a arte de seguir o tempo que for necessário para que tudo aconteça. 
O apocalipse desordenado é interrompido pela mais bela sinfonia da vida, quase como se tudo ao redor fosse parado ou tivesse apenas seu andar retardado por aquele sopro de esperança divino. A luz do dia se fixa naquele pequeno acontecimento; à noite, o espetáculo fica por conta da sensação de cascatas de faíscas, como em comemorações especiais em celebração a tudo que é mais belo. Ao entardecer, o sol poente lança seus últimos raios em saudação a nova vida que acaba de nascer. 
Um pé põe fim a toda esperança. Apenas um pé foi capaz de estraçalhar o mais belo lembrete de nossa criação. Um pé calçando um coturno surrado e imundo foi o responsável pelo retorno da sinfonia da destruição, dos violinos desafinados, dos trompetes sem fôlego, das flautas insanas e do maestro usando colônia de enxofre. Apenas um pé governado pela insensatez, um pé mal cuidado e emporcalhado. Apenas um pé despedaçou a última pétala de esperança por nossas almas. Apenas um pé, apenas um corpo, apenas um maltrapilho a serviço de criaturas obscuras em troca de uma soberania atribuída apenas ao maestro de tudo isso. Apenas nosso destino. 

P.S.: Caminhemos de cabeça erguida, assim não veremos em que estamos pisando.
P.S.²: Dúvidas? Sugestões? Clique aqui e saiba mais!

Um comentário:

Isolda disse...

É de cabeça baixa que se segue, olhando pros próprios passos, e não pra falsidade e a fumaça de cada dia, não é?

E é de cabeça baixa que se acha dinheiro no chão. =P


Adorei, como sempre. Mesmo achando que a gente tem como dar uma rasteira nessa bota.

Beijo, amor! <3