sábado, 23 de outubro de 2010

O Lamento da Chuva

A pesada chuva que caia lá fora era observada por um pequeno garoto com olhos gulosos para pular a janela e ir se molhar na água gelada que precipitava. Ele era impelido apenas pelo pesado vidro que formava uma impenetrável cortina, separando o limitado mundo de sua sala e o infinito do lado de fora.
A casa estava escura, mesmo com a luz da sala acesa, e sombria com o característico ar depressivo de um dia chuvoso. A mãe, uma mulher de meia idade devastada pelo estresse de criar dois filhos, cuidar da casa e trabalhar, fumava tranquila na cozinha após lavar a louça e passar pano no chão. Era um de seus poucos momentos de descanso, já que estava de folga do serviço e o marido estava fora a trabalho.
O filho mais velho, um garoto aparentemente normal e feliz, estava em seu quarto... mas não estava dormindo ou estudando, estava desesperado! Não conseguia manter mais a calma e a serenidade, não conseguia mais ficar em paz consigo mesmo! Tudo era uma grande tortura e, como seus pais não acreditavam na baboseira que ele poderia realmente ter problemas, não se sentia mais à vontade para poder desabafar e aliviar sua mente.
Enquanto a chuva caia, o garoto deu um fim a todo seu sofrimento, ingerindo uma grande dose de um veneno de ação rápida. Com a intensidade da chuva, seus últimos suspiros não foram ouvidos. Somente restou à sua família lamentar por não tê-lo ouvido e aplicar o conhecimento adquirido no pequeno garoto de olhos gulosos pelo mundo lá fora.

P.S.: A solução dita mais estúpida é sempre a mais difícil. Seria uma espécie de contradição à ideia de que o caminho mais fácil nem sempre é o melhor?
P.S.²: Dias escuros e chuvosos sempre inspiram os pensamentos e sensações mais trágicos...
P.S.³: Alguma dúvida? Clique aqui e saiba mais!

2 comentários:

Isolda disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Isolda disse...

Sempre quis dizer isso mas sempre esqueço. Tu, antes de qqr coisa, é um pintor. Em mentes certas, tu colore cada cenário tão vivo ou até mais vivo que essa vida doentia que a gnt leva. Ou então retrata que essa vida "real" é tão sem cor que precisa de enfeite pra que até mesmo a desgraça pareça arte.


E dentro de cada um de nós tem esses dois meninos. Se ainda der tempo, vamos quebrar esse vidro logo? ^^


Adorei, amor!
Bjão!